O que se espera do profissional do futuro

O que se espera do profissional do futuro

As transformações tecnológicas que tem acontecido em uma velocidade jamais vista, mudam também nossa forma de pensar, os nossos relacionamentos interpessoais e com o mundo e quebram vários paradigmas sociais.

A chamada Era Digital tem mudado muito também as relações de trabalho, terminado com algumas profissões e criando outras, nos obrigando a nos reinventar a todo momento.

A pandemia de Covid-19 acelerou ainda mais esse processo de transformação, colocando o mercado de trabalho como conhecemos em cheque. A adoção de plataformas online, tecnologias e o trabalho remoto aconteceu quase que do dia para a noite.

No meio deste contexto, é normal nos questionarmos sobre que foco dar ao nosso desenvolvimento profissional. Seria interessante mudar de profissão? Aprender mais sobre tecnologia? Fazer algum curso específico?

Antes de mais nada, profissionais da área recomendam desenvolver e aperfeiçoar algumas competências humanas. Elas são essenciais para navegar no mercado de trabalho do futuro e serão fundamentais para o sucesso da sua carreira independente da trajetória que você escolher.

No artigo de hoje, veja algumas das competências fundamentais da Nova Era que vão te ajudar a se adaptar a transformações.

 

Inteligência emocional

De acordo com um relatório da McKinsey, 62% dos executivos acreditam que precisarão retreinar ou substituir um quarto de sua força de trabalho até 2023. Nesse cenário, além de adquirir conhecimento prático e multidisciplinar, é necessário se perguntar quais tarefas realizadas por humanos não poderão ser feitas por máquinas.

Ao contrário do que muitos pensam, a crescente inserção da tecnologia no cotidiano, não nos demanda apenas saber usá-las ou lidar com elas, mas principalmente, nos instiga e cobra ter competências humanas bem desenvolvidas para conseguir complementá-las.

Ao falar de competências humanas, nos referimos principalmente à Inteligência Emocional, também chamado de Quociente Emocional – QE, um conceito que surgiu na década de 90 entre psicólogos, se espalhando rapidamente para outros setores, incluindo o ambiente organizacional.

Segundo os psicólogos americanos Peter Salovey e John D. Mayer, ela pode ser definida como “a capacidade de monitorar as próprias emoções e a dos outros, usando essa informação para guiar pensamento e ações”.

Nunca se ouviu falar tanto em inteligência emocional. Se em um primeiro momento se valorizou o Quociente de Inteligência, QI, no trabalho, a mudança constante de tarefas e cenários faz com que a Inteligência Emocional ganhe mais importância.

Um profissional com uma Inteligência Emocional evoluída, consegue migrar com facilidade entre funções e áreas, se adapta melhor a mudanças e se mantém emocionalmente equilibrado em meio a situações difíceis, não sendo muito afetado pelo estresse e evitando o burn out.

Ou seja, o Quociente Emocional pode definir o sucesso e fracasso na carreira em momentos de crise, como a que vivemos durante todo o ano de 2020. Para desenvolver seu QE, sugerimos começar pelo desenvolvimento das habilidades abaixo, relacionadas não só ao QE, mas também à Era Digital.

 

Adaptabilidade e resiliência

Apesar de serem habilidades complementares, adaptabilidade e resiliência não são a mesma coisa.

Resiliência é a capacidade de voltar ao cenário que existia antes das adversidades mesmo depois delas. Ou seja, envolve a capacidade de resistência e de recuperação:

    • A capacidade de resistência é a habilidade de um sistema de evitar totalmente que uma interrupção aconteça ou minimizando o tempo entre o início de um imprevisto e o tempo a recuperação (contenção de danos)
    • De forma complementar, a capacidade de recuperação está ligada à capacidade dos sistemas retomarem o ritmo de produção depois que uma interrupção ocorre. Isso é feito por meio de duas etapas: após identificar uma crise, vem a fase de estabilização e, depois dela, a de retorno das capacidades produtivas. O desempenho final aqui analisado pode adquirir ou não os níveis de desempenho originais, relacionados ao tipo de interrupção realizada.

Por outro lado, adaptabilidade é a capacidade de se adaptar a mudanças, mantendo os aspectos positivos do cenário anterior a ela e mudando o que não pode mais existir no novo cenário.

Tanto resiliência e adaptabilidade são importantes. Cada uma será demandada em um tipo de situação diferente, sendo assim, além de se ter essas duas habilidades, é preciso o discernimento para saber em que momento usar cada uma delas.

 

Visão multidisciplinar

Em um mundo cada vez mais volátil, plural e conectado, saber lidar com pessoas e culturas diferentes e ter um entendimento cada vez mais multidisciplinar e global de cada situação serão habilidades cada vez mais exigidas de profissionais e equipes do futuro.

Cada vez mais, profissionais da nova era terão de ter também conhecimento transversal entre diferentes áreas. As barreiras e separações que antes existiam entre departamentos, por exemplo, foram substituídas por processos sinérgicos e interligados, nos forçando a conhecer mais sobre as áreas com as quais atuamos no dia a dia. Isso garante a capacidade de tomar decisões mais assertivas e de inovar processos.

 

Lifelong learning

Com as transformações crescentes provocadas pela tecnologia, profissionais terão de se tornar verdadeiros lifelong learners, ou eternos aprendizes, para se manterem competitivos, ou seja, saber investir em uma educação continuada se mantendo sempre atualizado sobre as últimas tendências e inovações do mercado, tomando um “senso de dono” em relação à própria carreira. Tendência cada vez mais valorizada em profissionais.

Isso se aplica não só às a competências humanas, assunto abordado neste artigo, mas principalmente na atualização constante relacionada as hard skills necessárias em sua área de atuação. Com tantos estudos e novas tecnologias, temos que nos manter atentos às inovações que serão aplicadas diretamente às nossas funções para nos adiantarmos e aprendermos.

Proatividade aqui é importante, você não quer esperar sua empresa demandar novos conhecimentos correndo o risco de ser o último a adotar novos processos, metodologias ou softwares.

Outra dica de ouro é desenvolver sua capacidade de desaprender e reaprender. Com grandes mudanças de paradigmas, pode ser que algumas coisas mudem bruscamente, demandando um olhar completamente novo para algumas situações.

 

Comunicação

Com um mundo tão cheio de informação, a pressa do dia a dia faz com que as pessoas não consigam se concentrar por muito tempo. Os vários meios de comunicação fazem com que mudemos o foco de nossa atenção de maneira muita rápida quebrando a linha de raciocínio.

O resultado é uma seleção muito precisa sobre o em que focar nossa atenção. Apesar de vermos e ouvirmos muitas coisas, escolhemos exatamente no que prestar atenção. Nesse contexto, é necessário saber se comunicar de maneira eficaz, estimulando o interlocutor a priorizar suas informações.

Lembramos que comunicação não é apenas emitir mensagens verbais e não verbais. A escuta ativa é uma habilidade primordial para um bom comunicador. Conseguir entender com clareza o que está sendo requisitado e quais devem ser as suas prioridades é um grande diferencial. Apenas após entender a fundo os diferentes aspectos e problemas envolvidos numa estratégia ou negociação conseguimos resolver problemas de maneira eficaz.

 

Capacidade analítica

A grande riqueza na nova era são os dados. Uma empresa hoje tem dados sobre todos os seus departamentos e processos. Mas dados sozinhos não trazem nenhum benefício, é necessário ter pensamento analítico para saber analisá-los e transformá-los em informações relevantes para tomadas de decisões mais assertivas e estratégicas.

O feeling não tem mais lugar no mundo de hoje. Ele foi substituído pela coleta, organização e análise de dados, transformando-os em indicadores e argumentos decisivos. Assim, a capacidade analítica torna-se essencial para lidar de forma organizada e inteligente com um volume de dados cada vez mais intenso e complexo, provenientes de diversas fontes.

Para desenvolver essa habilidade fundamental, estude sobre o assunto, entenda a origem dos dados com os quais você está lidando e quais são seus objetivos ao analisá-los. É uma boa dica ter hipóteses formuladas antes mesmo de começar sua análise, assim, você consegue organizar os dados de maneira a corroborar ou não a sua hipótese inicial.

 

Conclusão

Como visto no texto, a dica mais importante é não ficar estagnado na carreia. Busque sempre maneiras de se desenvolver pessoal e profissionalmente, procure novos cursos relacionados à sua área e fique atento às novas tecnologias e tendências. Mantenha-se proativo e curioso. Foque seu desenvolvimento não apenas nas suas habilidades técnicas, mas principalmente nas suas habilidades humanas.

Apesar de uma convivência híbrida entre pessoas e máquinas ser cada vez mais presente, pessoas bem preparadas ainda serão as responsáveis por tomar decisões estratégicas dentro de qualquer organização.